”Empurroterapia`` chega à Anvisa. A prática da ``empurroterapia`` nas farmácias - vendedores que oferecem medicamentos similares no lugar dos remédios de marca, ou dos genéricos, para ganhar comissão dos seus fabricantes - é antiga no país. Mas seu tamanho já incomoda os grandes laboratórios e as maiores redes do setor. De cada dez remédios vendidos no país, pelo menos quatro são similares, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).@&TAB - Remédio similar é aquele que contém um ou mais princípios ativos iguais ao do medicamento de referência. O similar tem registro no Ministério da Saúde, mas, ao contrário dos genéricos, não possui comprovação técnica de que seja absorvidos em igual quantidade e na mesma velocidade pelo organismo. O desconforto com a situação é tal que a Abimip (Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos isentos de prescrição), que reúne laboratórios de grande porte (como o da Hypermarcas e o Mantecorp), fez uma denúncia à Anvisa. ``Alguns laboratórios pagam comissão para que farmacêuticos e balconistas empurrem certos medicamentos ao consumidor quando eles pedem o de marca ou até o genérico oficial``, diz Sálvio Di Girólamo, secretário geral da entidade. Boa parte desses fabricantes, segundo ele, é da área de similares. ``Temos um documento distribuído pelo laboratório Medquímica a uma rede de farmácias com a lista dos medicamentos que devem ser `empurrados` no caso de o consumidor pedir determinado genérico ou certo medicamento de marca``, diz Girólamo. O laboratório, procurado várias vezes pelo Valor, não quis se pronunciar. A Abimip apresentou à Anvisa em abril passado uma proposta de norma para coibir esse sistema de bonificações. No dia 6 de novembro a agência instituiu um novo programa para especificar melhor suas áreas de regulamentação. ``Pelo programa, a Anvisa assume que deve se preocupar com práticas de mercado o que para nós é um alívio``, diz Girólamo. A ``empurroterapia`` é uma prática irregular, diz a Anvisa. Pelas normas da agência, somente o farmacêutico - e não o balconista - pode indicar outro remédio além do prescrito pelo médico. ``Na verdade, só pode indicar um genérico. Os similares não são substitutos permitidos``, disse ao Valor Dirceu Raposo de Mello, diretor-presidente da Anvisa. ``A `empurroterapia` é uma prática disseminada, uma briga comercial entre laboratórios que afeta questões sanitárias e em alguns momentos passa para o campo da ilegalidade``. É por isso que a classe médica tem por hábito, na hora de receitar um remédio, prescrever o de marca ou o genérico, de acordo com o Conselho Federal de Medicina. O que faz, então, o similar ser o preferido dos consumidores na farmácia? Geraldo Gadelha, superintendente de relacionamentos institucionais da rede de farmácias Pague Menosaponta uma possível razão. Muitos laboratórios de similares mandam vendedores para conversar na própria farmácia com o balconista ou o farmacêutico. ``O representante do fabricante, nesse momento, faz um trato particular com o funcionário para que ele receba comissões ao indicar tal ou tal remédio``, diz o executivo. ``Na Pague Menos o empregado assina um termo de conduta de ética que proíbe acordos assim.`` É por isso que a ``empurroterapia`` acontece com mais intensidade em drogarias e farmácias de bairros de classe média, média baixa, periferias e no interior do país, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, que congrega as 23 maiores redes do país. ``A Abrafarma é totalmente contra essa prática``, diz o presidente-executivo da entidade, Sérgio Mena Barreto. ``A maioria das grandes redes sequer trabalha com medicamentos similares para evitar problemas desse tipo.`` As redes, segundo, Barreto, fazem suas compras em grande escala diretamente dos laboratórios, eliminando a figura do distribuidor ou do vendedor que vai de farmácia em farmácia, fator que diminui a margem para a proliferação da empurroterapia. Além disso, são alvos constantes da fiscalização. ``Existem quase 60 mil farmácias e não há nem mil fiscais no país``, diz Marcos Arede, diretor comercial da Drogaria Onofre. ``Não há como fiscalizar todas. Por isso a Anvisa e as Covisas (as Coordenações de Vigilância Sanitária de cada estado ou município) se concentram nas redes``, diz ele. Raposo, da Anvisa, concorda. É por isso, segundo ele, que a fiscalização da agência depende de denúncias. ``O cidadão precisa denunciar a prática. Mas na maioria das vezes, ele sequer sabe que está participando de uma irregularidade.`` O costume de ``empurrar`` um similar está tão disseminado que chega a limitar a expansão de grandes redes de farmácia, segundo Antonio Carlos Pipponzi, presidente da Droga Raia. ``Não há como a gente colocar uma loja na periferia ou em bairros mais distantes porque não temos como competir de igual para igual com essas farmácias. Eles ganham comissões dos laboratórios e sonegam impostos. É uma competição matematicamente desleal.``
sábado, 26 de junho de 2021
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